Teses e Dissertações

A cartografia social como ferramenta na criação de vínculo junto aos moradores de Petrópolis
Em 15 de Fevereiro de 2022, a cidade de Petrópolis foi cenário de um dos maiores desastres ambientais registrados no país, deixando mais de 3 mil desabrigados e 234 mortos (Diário de Petrópolis). Outros dois desastres de grande proporção foram os ocorridos em 1988, que atingiu o primeiro distrito, deixando 134 mortos e mais de mil desabrigados, e o que ocorreu em 2011, que atingiu toda a região serrana do estado, deixando mais de 900 mortes e 100 pessoas desaparecidas, sendo o maior impacto ocorrido na cidade de Nova Friburgo. Em Petrópolis, a região mais atingida foi o 3o Distrito, principalmente, o Vale do Cuiabá. Embora as chuvas tenham atingido o primeiro distrito como um todo, são em áreas de maior vulnerabilidade social onde percebe-se o maior impacto da tragédia. São nessas localidades onde o poder público demora mais para chegar e garantir retorno ao acesso à direitos básicos como energia elétrica e água. Segundo o site da Prefeitura de Petrópolis, até o dia 18 de Abril de 2022, foram contabilizadas 137 construções com estruturas danificadas que deveriam ser demolidas nas regiões do Alto da Serra, Quitandinha, Caxambu, São Sebastião, Chácara Flora, Siméria, Bingen, Bairro da Glória, Provisória, Mosela, Morin, Estrada da Saudade e Castelânea. Até Março de 2022, o Centro da cidade não contava com as sirenes de alerta da Defesa Civil que indicam o risco de deslizamento e, os lugares onde essas sirenes existem muitas vezes não vem acompanhado de treinamentos do que fazer em situações de emergência. O indicado é ir para um local seguro, normalmente uma escola municipal, que não é abastecida e nem preparada para receber uma grande quantidade de pessoas. Todo o alimento, roupas e kits de higiene pessoal são recebidos através de doações, porém apenas depois de acontecer o pior. De acordo com os jornais da época, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) emitiu um alerta de chuvas fortes para a região dias antes. Este órgão foi criado após a tragédia de 2011 com intuito de monitorar e emitir alertas sobre condições meteorológicas que possam oferecer risco à população. Mesmo com a tecnologia implantada para o monitoramento meteorológico e movimentação do solo, não houve a realização de obras necessárias para evitar este tipo de tragédia. De acordo com o site do MAB, o Governo do Estado, em balanço realizado no ano de 2021 (dez anos desde a tragédia de 2011), reconheceu que um terço da verba, equivalente à R$ 500 milhões, destinada à construção de moradias, contenção de encostas e limpeza do leito dos principais rios não havia sido ainda aplicada. Este fato corrobora para o indicativo de que a vulnerabilidade e exposição das pessoas às áreas de risco aumente o impacto das chuvas num território já propenso aos deslocamentos de terra.

Inventando problemas - Bens comuns urbanos na região central do Rio de Janeiro
A "potencialidade de se criar ou inibir novas formas de relações sociais (novos bens comuns)". Agora, além dos quilômetros percorridos em cima da bicicleta, eu tinha um problema por inventar. Uma invenção que este anteprojeto dá conta apenas parcialmente, uma vez que se trata de problematização de experiências que envolvem outros agentes além de mim mesmo. Nos processos de inventar problemas faculdades como a sensibilidade, a memória e a imaginação constroem um cenário onde o que importa não é um arranjo convergente dessa faculdades em benefício de uma conclusão ou solução do problema que se pretende inventar. (KASTRUP, 2001) Diante disso, como atuar coletivamente no território em questão acompanhando, mapeando e potencializando ações locais que disputam o sentido e o significado dos espaços urbanos largamente hegemonizados por interesses capitalistas na região central, do Rio de Janeiro?

Transformação dos espaços urbanos: circularidade e ressignificação a partir das festas populares
A partir de um olhar de brincante e designer, com atenção especial aos estudos de design e antropologia, utilizando de métodos de pesquisa qualitativa documental e etnográfica urbana, tenho como objetivo geral investigar a transformação de espaços a partir da festa. Essa investigação visa dar ênfase às espacialidades geradas pelo encontro entre os corpos coletivos em festa, criando desenhos efêmeros e duradouros de cidade, que é atravessada pela temporalidade dos ciclos festivos. Além disso, a pesquisa visa trazer reflexões sobre as dinâmicas sociais, políticas e econômicas no desenho da cidade e do território, levando em consideração processos de negociação e conflito na ocupação e habitação dos espaços compartilhados, assim como a circularidade presente nesses processos. Usando métodos de pesquisa com design, pretendo também documentar essas mudanças e processos através da criação de produtos visuais que dêem conta de processar e tangibilizar os achados de pesquisa.


Guanabara, imensidão e abismo
Esta pesquisa tem como objetivo investigar os resíduos no território da Baía de Guanabara, com a intenção de compreender como processos experimentais artísticos podem contribuir para a construção de outros imaginários sobre viver no Antropoceno. Ao observar a Guanabara, percebo marcas do Antropoceno em uma baía repleta de resíduos que flutuam em suas águas. Nesse contexto, me interesso por práticas artísticas, especialmente nas artes da cena, que se aproximam desse território e propõem experimentações capazes de tornar sensíveis as relações com os resíduos, com destaque para a aproximação com os catadores, que estão em larga medida "segurando o céu" diante dos diversos terrores antropocênicos. Assim, proponho também a realização de experimentos com os resíduos por meio de processos artísticos experimentais que exploram modos criativos de responder aos terrores da Guanabara no Antropoceno.


Design pelas mãos: ensino de design de produto através de métodos práticos de oficina
A proposta de pesquisa busca aprofundar os conhecimentos necessários para formar designers capazes de desenvolver e produzir suas próprias peças autorais de maneira artesanal em baixa e média escala, propondo uma formação para atuar como designer produtor. O design, que sempre precisa se adaptar às tendências do mercado e novas tecnologias, se diversificou desde a Revolução Industrial em várias categorias. O design de produto, uma das áreas clássicas do design, incorporou novas tecnologias, mas a atuação do profissional no mercado ainda segue os moldes tradicionais, geralmente em agências ou empresas.


Aprendizagem Baseada em Design na formação continuada de professores do Ensino Médio
O entrelaçamento entre o campo do Design e a área da Educação, no que tange à ampliação da interdisciplinaridade do processo projetual para as práticas de ensino-aprendizagem, com a intenção de contribuir na formação de professores capazes de atuar na complexidade do mundo contemporâneo, é o tema central desta pesquisa. Faz-se urgente, principalmente no cenário pós-pandêmico, catalisar esforços de diferentes áreas do conhecimento para, em parceria com os profissionais da educação, pesquisar, refletir e debater os desafios existentes na realidade das escolas públicasbrasileiras, buscando construir uma educação que vai além da transmissão de informação, que considera o ensino com propagação da experiência (Kastrup, 1999) e a multidimensionalidade das questões envolvidas nos processos de ensino-aprendizagem, oportunizando o pensamento crítico e a autonomia na formação de jovens. O avanço exponencial dos recursos tecnológicos no século XXI nos força a questionar se as práticas e os conceitos de ensino-aprendizagem vigentes em grande parte das escolas públicas no Brasil são eficazes para construir um modo de pensar e agir que não seja apenas operacional e sistemático nos nossos jovens. Para além das questões práticas relativas ao domínio de linguagens e de aparatos tecnológicos, precisamos ampliar as discussões com foco no enfrentamento de problemas compostos de vários elementos e dispostos em um emaranhado de camadas como, por exemplo, o esgotamento dos recursos naturais do nosso planeta.
Mitchel Resnick (2017, p. 23) coloca a seguinte pergunta, “Como podemos ajudar osjovens a se desenvolverem como pensadores criativos, para que estejam preparados para uma vida neste mundo em que tudo muda tão rapidamente?” Ele apresenta então os quatro Ps que acredita serem centrais para ações educativas que se comprometam com o estímulo à criatividade e à inovação, a saber: projetos (projects), paixão (passion), parcerias (peers) e pensar brincando (play).
Partindo do pressuposto de que o aluno aprende melhor quando torna significativa ainformação ou os conhecimentos que lhe são apresentados (Hernández & Ventura,1998), o pensamento projetual, intrínseco ao Design, tem se revelado uma abordagem promissora como prática pedagógica para lidar com a fluidez do mundo contemporâneo e implementar espaços educativos mais instigantes e criativos. A Aprendizagem Baseada em Design, segundo Bianca Martins (2022, p.23), se apresenta como um tipo especial de aprendizagem ativa cuja “estratégia educativa favorece a abordagem multidimensional apropriada à abordagem de problemas do mundo contemporâneo, que se realiza por meio de trabalho em equipe, desenvolve a solução em colaboração

O livro de arquitetura no Brasil
Os estudos desenvolvidos durante o mestrado estão ancorados nas relações transversais entre arquitetura e o design gráfico; o livro de arquitetura contribui para o debate disciplinar e o contrário também é verdadeiro: a cultura do livro é fomentada pelo tema da arquitetura. Projeto e planejamento, decisões e escolhas, além da ação de agentes responsáveis pela existência material dos objetos, eram abordagens do meu repertório disciplinar (formação em arquitetura) que estavam à disposição para completar aquele ciclo de estudos. Porém, apropriando-se do método de pesquisa da memória gráfica e da cultura material me aproximei do objeto de análise procurando compreender a natureza estratégica da página do livro e das condições de sua realização, permitindo-me perceber como se dá a pesquisa em design. Como afirma Forty, “a aparência das coisas é, no sentido mais amplo, uma consequência das condições de sua produção” (2007, p. 12). Pesquisas semelhantes à que se pretende realizar foram desenvolvidas por Danilo Matoso Macedo na tese de doutorado em Arquitetura e Urbanismo “Biblioteca brasileira de arquitetura, 1551–1750”, orientada por Sylvia Fischer e apresentada na UNB em 2017, e Leonardo Caramori que apresentou a dissertação de mestrado “A biblioteca da Escola Politécnica de São Paulo e seus acervos de engenharia civil e arquitetura entre 1894 e 1928”, orientada por Solange Ferraz de Lima, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP) em 2015. Apesar do hiato temporal entre os levantamentos bibliográficos e documentais realizados pelos autores, são estudos que fornecem pistas de pesquisa num universo disperso, porém específico. Macedo consultou inventários de acervos coloniais e selecionou autores brasileiros a partir de um levantamento em bibliografias gerais sobre o período (2017, p. 1-2), enquanto Caramori se debruçou sobre dois conjuntos documentais: papéis administrativos da biblioteca e da diretoria da Escola Politécnica de São Paulo, importante espaço de articulação política, profissional e intelectual de arquitetos e engenheiros na região de São Paulo (2015, resumo). Observei, na análise preliminar dessas referências, a omissão relativa à dimensão gráfica dos impressos, um campo de estudo ainda incipiente. A afirmação de Tavares que “a mudança do manuscrito para a impressão e dos desenhos feitos à mão para imagens reproduzidas mecanicamente” (2016, p. 19) beneficiou a cultura arquitetônica com a aquisição de códigos de representação foi também importante para a “valorização do trabalho de projeto sobretudo no livro ilustrado” (CARDOSO, 2005, p.161). Fato que justifica a presente investigação que busca compreender o livro de arquitetura como um produto industrial derivado de um projeto e suas dimensões como um produto social e cultural.


Ensino de Design para além dos muros da graduação


Design (re)existência como dispositivo para uma pedagogia encantada
Recuperando a essência questionadora e revolucionária do campo do design, esta pesquisa se inicia com um reconhecimento de parte da história da América Latina e Caribe numa leitura descolonial, materialista e dialética. Para em seguida, apoiada no método doble crítica de Lao-Montes & Vázquez, desenvolver: uma crítica imanente — sobre a produção da vida na América Latina e Caribe e sua relação com o design; e uma crítica transcendente — uma interpretação subalterna desta produção a partir da materialidade encontrada no espaço urbano da periferia capitalista, especificamente o design (re)existência: a gambiarra brasileira, a desobediência tecnológica cubana, el hechizo chileno, entre outros. A partir disso, a proposta principal deste trabalho se torna a investigação de como o design (re)existência pode atuar através de uma pedagogia humanista, alinhada aos conceitos de decolonialidade e participação. E assim, impulsionar a criatividade desobediente e confrontante à hegemonia para a construção de uma consciência crítica da realidade latino-americana. Para tanto, estas práticas assumem o protagonismo de tecnologia política para alcançar o imaginário coletivo através da materialidade dos objetos. De maneira objetiva, a elaboração de uma proposta de uma contradisciplina para a formação acadêmica de graduação, possível de ser ampliada a nível internacional na América Latina e Caribe, tendo como base uma pedagogia encantada, uma pedagogia que afirma a vida. Como resultados, espera-se a formulação de um curso que estimule o conhecimento por parte dos estudantes das diversas e contraditórias histórias que compõem a América Latina e também o fortalecimento da comunidade do design comprometida com a autonomia e a liberdade da produção material e simbólica da vida neste território mestiçado, híbrido e sobretudo, resistente.


A construção dos Saberes-Fazeres Carnavalescos e os processos de Criação Coletiva nos barracões da Cidade do Samba
Em que medida os barracões da Cidade do Samba podem ser considerados espaços de construção de conhecimentos e desenvolvimento de processos que articulam criatividade e pensamento projetual? Esta tese acompanha as relações entre a criatividade e formas de pensamento projetual envolvidos na produção coletiva dos artefatos carnavalescos nos barracões da Cidade do Samba. Ao fazê-lo, procura focar a pesquisa nos artífices que habitam, tensionam e transformam os saberes-fazeres nas fábricas do carnaval.
Este estudo mobiliza conhecimentos nas áreas do Design e Educação, por entender que o objeto de estudo é sempre um problema complexo e, como tal, exige uma abordagem teórica e multidisciplinar.
Colocar o foco nos artífices significa valorizar a arte e o ofício dos trabalhadores que, praticamente anônimos, criam e produzem a visualidade de um dos maiores espetáculos ao ar livre do mundo. Essa pesquisa considera potente o conceito de dispositivo em Deleuze e Foucault, justamente porque permite acompanhar os regimes de visibilidade e invisibilidade que operam durante os processos de produção dos saberes-fazeres presentes no cotidiano da Cidade do Samba.
Os paradigmas educacionais comparecem nesta pesquisa orientados pela perspectiva da aprendizagem inventiva. Isso porque as aprendizagens vivenciadas pelos artífices são tratadas como invenções de problemas antes de serem invenções de soluções.
Outro aspecto considerado relevante nesta pesquisa aponta para a evolução histórica dos processos de produção artesanal praticado pelos artífices. Dito de outra forma, queremos acompanhar o efeito dos novos meios de produção, cada vez mais capazes de realizar tarefas que antes dependiam exclusivamente do trabalho manual do artífice.


Comunidades Criativas de Luta: hortas urbanas comunitárias pela compreensão do Design para Inovação Social e Sustentabilidade
Esta pesquisa tem como objetivo aprofundar a compreensão sobre o papel político das hortas comunitárias, adotando como referencial teórico o Design para Inovação Social e Sustentabilidade. A análise se concentra nos estudos de caso da Horta do Vinil e do Parque do Martelo, buscando identificar e interpretar os significados e as implicações dos processos de colaboração e das dinâmicas de luta presentes nesses espaços. As hortas urbanas comunitárias começam a surgir com maior expressividade no Rio de Janeiro após o ano de 2013, quando muitos foram às ruas protestar por melhor qualidade de vida. São espaços de produção de plantas comestíveis sem agrotóxicos, que no contexto da cidade do Rio de Janeiro ganham uma característica de luta contra a especulação imobiliária que assola a cidade. Para isto, o primeiro passo será uma revisão bibliográfica a partir do Design para Inovação Social e Sustentabilidade, suas abordagens e práticas e analisa-las para o contexto social carioca. Em um segundo momento, será revisitado um percurso pelas hortas urbanas comunitárias apresentando suas fragilidades e principais desafios. Em seguida, o percurso da pesquisa aborda as hortas do Parque do Martelo e a Horta do Vinil como principais estudos de caso. As ações no território, diários de pesquisa e entrevistas servirão como metodologia para ilustrar os estudos de caso. As ações no território, diários de pesquisa e entrevistas com o objetivo de fortalecer e dar maior visibilidade a estas iniciativas. Propõe-se o termo “comunidades criativas de luta”, a partir do conceito de comunidades criativas de Meroni e Manzini, na medida que seus principais protagonistas – os hortelões – lutam por espaços verdes públicos e tornam a prática uma resistência contínua contra a especulação imobiliária. Os resultados da pesquisa foram validados por meio de uma vídeo chamada e a ferramenta espiral regenerativa. Conclui-se por meio de uma visão do Design para Inovação Social que essas hortas estão realizam um papel político que ganha afirmação por meio dos seus movimentos sociais na criação de espaços verdes.


Design gráfico e imagem em movimento no Brasil
Esta tese apresenta um estudo sobre a produção resultante da interação entre design gráfico e imagem em movimento no Brasil. Os objetivos desta pesquisa são: ampliar as fronteiras do campo e as possibilidades de atuação profissional para designers; integrar os artefatos gráficos audiovisuais ao campo do design gráfico, não só na prática, mas também na teoria; e reconhecer o território híbrido que surge dessas relações como um campo de conhecimento compartilhado entre design e audiovisual. Para tanto, foi feita uma revisão bibliográfica, pesquisas em portais de publicações científicas e instituições acadêmicas, e em plataformas digitais de vídeo. Este procedimento possibilitou uma reflexão sobre os conceitos de cultura material, cultura visual e memória gráfica, que podem contribuir com estratégias historiográficas para a inserção dos objetos deste estudo na história do design gráfico brasileiro. Inicialmente, propõe-se olhar de forma isolada para o design gráfico e para o audiovisual como dois campos relativamente autônomos, analisando-se os seguintes itens: artefatos e conceitos; historiografias e histórias; âmbitos educacional e profissional. Em seguida, estes parâmetros de análise são aplicados a estes mesmos itens, porém sob outra perspectiva: examina-se o campo híbrido que surge dos atravessamentos entre design e audiovisual. Por fim, é feita a montagem de uma coleção de artefatos gráficos audiovisuais, que tem como critérios de seleção: a existência de um arquivo on-line acessível gratuita e publicamente; o reconhecimento social e histórico; e a importância para a construção da memória gráfica brasileira. Com isso, a tese visa fornecer um conteúdo relevante para educadores do design em suas atividades de ensino, bem como a todos os interessados no aprendizado deste assunto, constituindo um repertório, um subsídio cultural de amplo acesso.


Plataforma de compartilhamento para materiais para o ensino de desenho
A pesquisa propõe uma reformulação curricular no ensino de Desenho na educação básica, expandindo seu foco além da representação geométrica e projetiva para uma abordagem mais ampla da linguagem gráfica, incluindo graficacia, desenhística e modelagem. O objetivo é proporcionar um ensino mais abrangente e acessível, não apenas para escolas com uma disciplina de Desenho estabelecida, mas para todos os alunos, independentemente do nível de formação. A proposta visa fornecer aos educadores ferramentas para preparar os alunos para interagir com o mundo projetado e material, desenvolver a coordenação motora fina e analisar criticamente a cultura visual, promovendo uma sociedade mais igualitária no consumo de imagens e artefatos.


Estudo interdisciplinar da Cultura Material, com foco no trançado indígena, para construir bases para o ensino de Design e contribuir para a preservação da cultura material.

A produção visual de Lygia Pape na Piraquê e suas conexões com a Arte e o Design
Em 2009 a Indústria de Produtos Alimentícios Piraquê passou a implementar uma atualização de sua identidade visual, alterando as embalagens de biscoito que haviam sido desenvolvidas por Lygia Carvalho Pape (1927-2004). A iniciativa não foi bem recebida por uma parcela do público, composta por clientes da empresa e membros da classe especializada, uma vez que as alterações não refletiam a proposta da original da artista. Acreditava-se então que a mudança representaria o fim da propagação da expressão por meio dos invólucros. No entanto, esta perspectiva não se confirmou, pois alguns anos mais tarde, inspirada na utilização dos padrões das embalagens por alguns artistas em seus figurinos, a M. Dias Branco, nova proprietária da entidade, desenvolveu uma coleção que transformou os layouts em roupas e acessórios para a divulgação da marca nas "redes sociais". Assim, ao invés de cair no esquecimento, a criação ressurge de tempos em tempos, via iniciativas individuais ou institucionais, evidenciando ter adquirido certo estado de longevidade. A pesquisa tem por objetivo compreender se essa ocorrência está de alguma forma relacionada à uma condição distinta da produção, estabelecida a partir dos entrecruzamentos entre Arte e Design, abordando o trabalho da artista na companhia à luz de elementos do contexto, de aspectos conceituais específicos atrelados à temática, e da análise gráfica de uma coletânea de itens representativos da obra, na expectativa do que se pode extrair da experiência em benefício do campo do desenvolvimento de identidades visuais no âmbito das teorias do Design. O estudo visa, ademais, ampliar a visibilidade de Lygia Pape enquanto Designer Gráfica, fornecendo uma breve amostra das suas criações no setor, e proporcionando, tanto à História do Design quanto à Memória Gráfica Brasileira enquanto campos de pesquisa, informações que possam servir como valiosas referências na formação do repertório criativo de futuras gerações de designers.


Modernidade e representação visual da mulher na primeira metade do século XX: da cocotte à violão
Com base na análise da revista A Maçã (1922-1926) e do livro Madame Pommery (1919-1920), de Hilário Tácito, foram identificadas condutas modernizadoras estabelecidas por mulheres da década de 1920, especialmente por aquelas que transitavam pela vida mundana e nos espaços de prostituição, das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. São estas condutas modernizadoras dos dois espaços urbanos que deverão ser abordadas no trabalho, evidenciando-se similaridades e dissimilitudes entre elas. A partir da identificação dessas condutas, buscaremos as suas representações na imprensa, na primeira metade do século XX e a transição da linguagem da cocotte para a mulher com traços da mulher brasileira representada na imprensa na segunda metade do século XX. Ambas as representações trazem estereótipos, os quais procuraremos identificar e discutir.


Joaquín Torres García e a construção de uma identidade latino-americana
O projeto de pesquisa aborda o arcabouço das temáticas e valores que fundamentam uma identidade latino-americana no Design, com foco na Escola do Sul, analisando a Revista Removedor do Atelier Torres García (ATG), Uruguai (1944-1953). A pesquisa investiga se há uma identidade latino-americana nas práticas de design, examinando como a linguagem construtivista universal se entrelaça com saberes locais no contexto do ATG. O objetivo é compreender a formação dessa linguagem, analisar registros históricos da época e examinar como ela é comunicada atualmente. Espera-se, ainda, mapear os fundamentos do ATG, explorar práticas no design e propor uma cartografia social. A pesquisa se concentra na construção de uma identidade latino-americana autêntica e não eurocêntrica, destacando a importância dos saberes locais. Serão utilizadas fontes primárias e secundárias, incluindo a Revista Removedor, e serão conduzidas entrevistas com especialistas. A relevância reside em contribuir para a compreensão interdisciplinar da identidade latino-americana no design, promovendo uma apreciação mais ampla das contribuições da região e fortalecendo estudos do sul no campo do Design. A investigação faz parte de projeto de doutorado e serão apresentados os direcionamentos iniciais da pesquisa em andamento, que dura até 2028.


Cartografias do Afeto - A Quinta da Boa Vista como espaço de produção de memória coletiva
Procurando examinar as interações entre memória coletiva, espaço social, arquitetura, cartografia e design, por meio de uma análise minuciosa das relações entre o Parque da Quinta da Boa Vista e a população, a pesquisa por finalidade compreender como as práticas cartográficas e de design podem ser integradas de maneira interdisciplinar para mapear as conexões afetivas e as experiências vividas no espaço público. Através dessa exploração, almeja-se enriquecer a compreensão da formação das identidades urbanas, culturais e sociais, promovendo diferentes abordagens na representação e interação com o ambiente construído.


Design editorial como ferramenta de manutenção da cultura material do povo Xukuru do Ororubá
O presente projeto preliminar de pesquisa visa registrar e documentar a produção de elementos da cultura material do povo Xukuru do Ororubá, como forma de interseccionar o fazer design com os saberes ancestrais do povo em questão elaborando como resultado do processo da pesquisa um material de cunho educativo para a comunidade.
Este projeto surge de experiências posteriores vindas de projetos como o Livro Didático para a T.I. Xukuru do Ororubá, submetido ao incentivo da Lei Aldir Blanc no estado de Pernambuco, onde por meio do design editorial, da elaboração e construção de um artefato de cunho educacional se enxergou a necessidade de elaboração de materiais voltados ao fazer artístico do povo. Fazer esse que é intrínseco à forma de viver o mundo, interligado com a espiritualidade, a agricultura, a história, a identidade e outros elementos que compõem a vida no Território Xukuru do Ororubá.
Além disso, também visa fomentar a formação de novos agentes perpetuadores dessas práticas na comunidade indígena que é base desse projeto, tendo em vista que muitas dessas práticas são de conhecimento dos mais velhos da comunidade. Então por meio do registro e descrição dessas práticas espera-se estar perpetuando para a comunidade estes saberes que estavam em processo de declínio.


Design em desvio: a forma do obsceno na função dos artefatos
Com o intuito de estudar interseccional e heterotopicamente as práticas desviantes do design, minha pesquisa de doutoramento em curso examina a simultaneidade dos outros fins aos quais designs são originalmente projetados até se deslocarem para sentidos obscenos de interação entre pessoas gays, bissexuais, trans e travestis no espaço público. Se a forma não segue a função, ela então desvia? A partir das análises objetiva e (inter)subjetiva de distintos artefatos do design, da arquitetura e do urbanismo constantes na cidade e suportadas tanto pela literatura acadêmica quanto pela ficcional, que pretendo identificar o ponto D –de desvio, prenunciado pela sociologia e apurado pela filosofia (localiza)– entre o planejado e o adulterado para, então, questionar crítica e moralmente a norma e o establishment.
